Zé pelintra da estrada

Sergipe

Umbanda

A história de Zé Pilintra da Estrada.♠️


Senhor Zé Pilintra, é uma das mais conhecidas Entidades dentro da

Umbanda. Muitas pessoas tem um grande afeto a ele, pelo seu jeito

"malandro" de ser e de seu imenso carisma, fazendo com que os

consulentes dessa Entidade se tornem amigos fiéis.


Guia espiritual de personalidade controvertida, personifica a

malandragem e a astúcia adquirida das adversidades da sobrevivência

nas ruas, mas suas práticas estão voltadas para a caridade, a

assistência espiritual e material.


Das manifestações de Zé Pilintra percebe-se a enorme adaptação

cultural a cada região, rompendo todas as barreiras para disseminar a

sua força espiritual em ajudar os necessitados com sua experiência

através de seus sábios conselhos.


Contam as lendas que Zé Pilintra era José Amadeu da Silva,

Pernambucano, mulato quase negro e pobre, mulherengo e festeiro,

mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou um famoso boêmio no

meio da malandragem do bairro da Lapa.


Mas para entendimento vamos descrever a história de Senhor José

Pilintra da estrada da Lapa., que é a Entidade da mesma linha dos

"Malandros", vamos mostrar de onde ele veio, como virou essa Entidade

tão maravilhosa, como trabalhou tanto pela caridade em vida e porque

temos diversas Entidades que levam o nome de "Zé Pilintra", assim como

o personagem de nossa história.


A história de Zé Pilintra da Estrada da Lapa, tem diversas

passagens na Cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, na

época em que os negros que por décadas haviam sendo escravizados, e

agora em liberdade, na verdade uma falsa liberdade, tentavam

sobreviver ao julgo, a falta de trabalho, a má alimentação e as

doenças que tanto afligiram os ex escravos.


Mas vamos voltar um pouco ao tempo para vermos como Senhor Zé

Pilintra chegou ao Rio de Janeiro.


Seu Zé era natural do Estado de Pernambuco. Filho de uma Ex

escrava negra e um feitor de cor branca, portanto ele tinha a pele não

negra como a mãe, mas também não branca como o pai, fazendo assim dele

um mulato escuro que por vezes e vezes sofria o ódio da enorme classe

de brancos.


Batizado de José Amadeu da Silva em sua vida terrena, esse foi o

nome que usou até meados do ano de 1902, quando fez parte dos grupos

que auxiliavam a grande massa de negros nos tratamentos contra as

doenças que se lastrava intensamente dentro dos morros que foram

ocupados por eles.


Esses negros foram obrigados a se bandear para o alto desses

morros, pois com o fim do período escravocrata, no século XIX, sem

posses de terras e sem opção de trabalho nos campos, esses grupos se

deslocaram para o Rio de Janeiro em busca de uma tentativa de

sobrevivência, fazendo assim um aumento desproporcional de pessoas na

então Capital Federal. A elite e administradores da cidade desejando

apagar de suas lembranças aquele povoado de negros e aquela cidade com

vestígios da era colonial, mandaram demolir todos os cortiços fazendo

assim os negros saírem e irem morar nos morros, longe da grande elite

de brancos.


Sendo esses lugares sem a menor condição de se viver, as doenças

se alastraram, e sem auxilio da elite os negros morriam sem a chance

de cura.


Voltando agora ao nosso foco que é Senhor Zé Pilintra, um pouco

antes desses acontecimentos, ele já tomado da decisão de partir de

Pernambuco, seguiu em viagem sem destino pelo país.


E a cada parada, a cada região, ele buscava novos conhecimentos,

sendo em áreas comuns como a agricultura até em áreas específicas como

cuidar de uma pessoa com alguma moléstia.


E foi assim que aprendeu o oficio de cura em moléstias, por volta

do final do século XIX, José Amadeu, com sua conversa amigável, com

seu carisma e com sua vontade de aprender, ficou em companhia de um

velho sacristão, que tinha como missão sanar as dores das pessoas que

buscava ajuda em sua paróquia, e nesse período em companhia ao

sacristão, José Amadeu aprendeu que ele precisava ajudar a quem

necessitava, mas precisava fazer muito mais do que já fazia.


E assim ele decidiu partir.


Após dezenas de dias em viagem, ele chega ao Rio de Janeiro.


Observando a situação dos negros, que morriam sem auxilio, decidiu

que era ali que teria que ficar para cumprir sua missão.


Começou acompanhar o dia a dia dos médicos da elite, observava

tudo, onde conseguiria medicamentos, com quem conseguiria, como esses

médicos se vestiam e como falavam.


Assim ele permaneceu junto com os negros, tentando sanar as dores

de cada um, tentando salvar a vida de crianças que sofriam

intensamente com várias pestes.


Começou a perambular pela cidade, conheceu pessoas e chegou na

Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, e lá que conseguiu seu grande

feito, juntar pessoas brancas e mulatas que abraçaram as causas na

qual ele lutava.


E assim começou um grande grupo de homens e mulheres, que faziam

da luta de manter o povo do morro saudável, mesmo contra a vontade dos

poderosos da elite e dos administradores da cidade.


E foi esses poderosos que começaram a fechar as entradas para esse

morro, colocando a força policial de guarda para que ninguém pudesse

subir ou descer, fazendo assim com que os negros não tivessem o

direito de se misturarem com a tal classe de elite.


Foi também proibida a busca na parte baixa da cidade por

medicamentos e alimentos, fazendo que os negros se revoltassem, e

tentassem descer em busca dessas coisas para o povo. E ao descerem,

revoltosos, eram presos e assassinados.


Foi por esse motivo que Zé Pilintra e todo seu grupo de amigos e

amigas da boemia, se encontravam as noites nas imediações do bairro da

Lapa, com intuito de planejarem medidas de ajudarem ao povo dos

morros.


Ficando acertado que não usariam a força, mas sim a conversa e

jogos de palavras juntamente com a malícia da malandragem que

aprenderam nas ruas e o sorriso sempre aberto e cativante.


E assim era feito, no meio de conversas e sorrisos, demonstração

de amizade por parte dos rapazes com os policiais responsáveis por

tomarem conta das entradas dos morros, assim como das moças que com

grandes atuações, se fingiam de encantadas pela força e farda desses

policiais, iludindo-os com olhares e sorrisos, enquanto Zé Pilintra e

outros Malandros passavam a surdina levando todos os tipos de

materiais e alimentos para os negros no alto dos morros escuros.


Eles passaram a andar com a tradicional vestimenta branca, terno,

gravata encarnada para que assim não fossem confundidos com os

policiais, que durante as noites subiam os morros, ora para eliminar

algum negro, ora para tentarem levar as grades os "Malandros" que

tanto lutavam, sobre o comando de Zé Pilintra, para tentar auxiliar o

povo tão sofrido dos morros.


Senhor Zé Pilintra, com essa ginga de malandro boêmio, com o

carisma de amigo de todos, com a sabedoria que adquiriu pelas andanças

que fazia, com a infinita bondade de tentar ajudar a quem necessitava,

ao fazer sua passagem foi feito como Entidade pelo Pai Maior, para que

assim pudesse continuar seu lindo e maravilhoso trabalho de caridade

dentro dos terreiros e centros Umbandistas, como continua a fazer até

os dias de hoje.


Poderemos observar que dentro de vários terreiros encontraremos

médiuns incorporados com a Entidade Zé Pilintra, as vezes até mais de

um no mesmo terreiro e na mesma hora.


A explicação disso é que, sendo Zé Amadeu da Silva um grande líder

dentre todo os grupos de amigos da boemia, ele foi adorado por muitos,

que seguiram o seus passos, e como ele, José Amadeu, o Zé Pilintra,

era extremamente respeitado e até temido por muitas regiões, esses que

seguiam seus passos, se apresentavam como Zé Pilintra, para assim

conquistarem o respeito, e fazer disso a porta de entrada para a luta

em prol da caridade.


E tudo isso começou com José Amadeu da Silva, Pernambucano

arretado, boêmio sorridente, amigo dos amigos, mulato/negro que tinha

orgulho de sua cor, amava suas raízes, lutava pelos irmãos menos

favorecidos.


Hoje Na Lei De Umbanda Acredito No Senhor Pois Sou Seu Filho De Fé

Pois Tem Fama De Doutor.


Lá No Morro Era Rei, E Na Lapa Respeitado. Hoje Numa Linha De

Umbanda, Zé Pilintra É Louvado.


Salve Meu Camarada, Compadre, Amigo, Pai, Baiano, Malandro, Zé

Pilintra Da Estrada da Lapa!


Proteção meu compadre Zé.


Saravá!!!!

Zé pelintra da estrada